Caninos amarelos cravaram incisivos minha pele branca.
Pediu que me ajoelhasse.
Tenho os joelhos virgens, virgens!
Para os seus desígnios fui estátua. Não podia mais fugir. Os porcos corriam cegos pela cidade enquanto o fogo consumia tudo. Os anjos de Deus não demoraram a dar a cidade por perdida. Justa e esquecida fui consumida pelo inferno que o Senhor plantou por aqui. Engasgada, engoli a seco pelas feridas o fogo da sua ira. Aquele monstro entre suas garras calava meu grito. Só eu podia ver... Todos os impuros ficaram cegos. Na mão de outros homens, outras mulheres, outros homens queimavam de prazer.
Satisfeito, virou de lado. O sangue havia coalhado sobre as nossas vestes.
Fiquei sem ar. A praça em que fui servida ficou cinza; os gritos eram ensurdecedores; morri ali, calada como uma santa.
7 Comentarios:
Muito bom cara;... muito bom mesmo!!!
(Victor)
Joelhos virgens , é como se nunca tivesse implorado nada
estou seguindo o blog
Já visitei Sodoma... Ou era muito parecido aquele lugar.
Todos os impuros ficaram cegos... que maldade dos céus... parabéns!
Lucas Levi
Gostei!
Você escreve muito bem!
Sodoma combina muito com o natal! Parabéns!
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"Nunca houve no mundo duas opiniões iguais, nem dois fios de cabelo ou grãos. A qualidade mais universal é a diversidade." (Michel de Montaigne)
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