Gritou até faltar-lhe a voz, ora pelo pai, ora pelo filho. Orou pelos dois.
Fincou as unhas nele, no menino.
Um tiro. O último gesto de afeto. Sujou o tapete de pontas dobradas, verde e vermelho não combinam. Um caldo grosso escorreu até a porta, saiu entre os soluços, entre a multidão de urubus atraídos pelo cheiro da pólvora.
F-R-E-S-C-O!
A última palavra que ficou como nota longa, acentuada, batendo no coco do menino. Adriano, em nome do pai, o nome do filho. A mãe espremida entre a tevê e o sofá, apertou os olhos e ficou muda, a preta estava branca, branquinha.
Diadorim Sant'anna
10 Comentarios:
Trágico, mas... engraçado! rsrsrsrrs
Fugir com um macumbeiro...asaushus viadagem... aushaus
Não consegui ver ao certo quem inicialmente queria matar quem..
Mas enfim.. O menino fora aproveitado por um pedófilo. Sim, o Nicanor da barraca era pedófilo.
"Um tiro. O último gesto de afeto." O filho mata o pai e foge com um velho, acho que li isso ontem ou foi hoje, onde? Em algum jornal por ai... Legal!
Bruninho, PE.
Multiplas interpretações....
Me fez lembrar Machado de Assis.
Forte...
Gostei da dramaticidade!
Gosto do jogo das palavras, coco do menino que pode ser coco do revolver... Adriano em nome do pai, o nome do filho... bom mesmo.
Nilza, RJ.
Interessante! Bem escrito com boa carga dramática e dá margem para mais de uma interpretação. Bem atual, também!
;)
Várias vozes se confundem... O nome do blog é confundidos... MASSA!
Muito boa a maneira que foi escrito!
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"Nunca houve no mundo duas opiniões iguais, nem dois fios de cabelo ou grãos. A qualidade mais universal é a diversidade." (Michel de Montaigne)
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