CONFUNDIR-SE É UM ERRO. CONFUNDIR É PRECEITO DE TALENTO INCOMPREENDIDO.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

In vino, veritas!


Sorvendo uma taça de vinho, fui convocado a falar a verdade. Como na expressão latina in vino, veritas (no vinho, a verdade). Queres saber quem é o homem, vai buscá-lo no fundo de uma garrafa de vinho. Botei pra falar mais do que o homem da cobra.
Quando perguntaram a minha genitora: - Esse menino já está falando, Damariz?
A ariana respondeu: - Já está apanhando pra ficar calado.
Mas, tomei a deliberação de, entre um gole e outro, falar do deus Dionísio. Dionísio era um deus diferente. Filho de Zeus com a mortal Sêmele, habitou entre os homens. Quando levantou a mão e fez o sinal de convocação, as mulheres entraram em êxtase e se danaram. Abandonaram o fogão, seus maridos, seus filhos, e fugiram para dentro dos matos. Escalaram os montes e foram praticar toda sorte de orgia. Porque Dionísio era um deus contente, deus da fertilidade, da embriaguez e do deboche. Dionísio foi quem inventou a liberdade. Ele não queria ser alvo da tirania dos deuses do Olimpo, do capricho daqueles nababos. As mulheres desabaram na relva, arriaram os vestidos, entraram em delírio, rolaram as cabeças, revirando os olhos e dançando. Beberam muito vinho, se lambuzaram de mel, leite, néctar, comeram carne crua de cabrito, se espojaram no chão. E era isso mesmo, o vinho era usado para o transe, a desinibição, a alegria. Uma vez, as ménades ficaram tão arretadas que estraçalharam Penteu, Rei de Tebas. Porque o vinho também endoida o cabeção, deixa o vivente com a cara aparvalhada, ébrio. Todo mundo tem sua versão dionisíaca, sua vontade de fazer doidice, mandar o resto para o raio que o parta. Remonta ao tempo em que não existiam os deuses, e os homens eram demônios. Ninguém mandava na caterva medonha. Está longe?

Sosígenes Bittencourt

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"Nunca houve no mundo duas opiniões iguais, nem dois fios de cabelo ou grãos. A qualidade mais universal é a diversidade." (Michel de Montaigne)
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