CONFUNDIR-SE É UM ERRO. CONFUNDIR É PRECEITO DE TALENTO INCOMPREENDIDO.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Uma prevista Cova


Aqui, amigos, anunciarei a tragédia que me foi prevista.
O fenômeno que me trouxe ao declínio:
Desastre psicodélico que me invadiu a vista.

Estava eu há atravessar um beco escuro, sujo e urinado,
Era o Beco do Cornélio,
No centro da cidadela de Vitória fincado.

Podia ter ido para qualquer lado, qualquer rua.
Mas forças estranhas oriundas chamaram-me,
Então entrei seguindo o instinto e a luz da lua.

- Por que, meu Deus, não me impediste?
Ah! Foi isso que Tu querias que eu visse? -
Aquilo que presenciei senhores, foi muito triste.

Antes de entrar, o beco amigos, era vazio e apertado.
Quando adentrei a atmosfera suja logo mudou,
O beco de vida e odores de pessoas havia se inchado.

Pessoas diversas, em marcha viam ao meu encontro
Eu reconhecia cada rosto, cada detalhe
Neste cortejo eu via parentes, amigos, em uníssono  

Com ilusão tal qual homem não desesperara  
Tentei fugir, mas aquele cortejo macabro
De vermes e caveiras amigas me arrastara.  

Fui levado na direção oposta de minha alcova
Arrastado como um prisioneiro à prisão
Ao fim do beco para uma profunda cova.

Em quanto admirava o sepulcro, um amigo me dizia:
- Depois, irmão, que saímos da vida,
É aqui que descansamos todo santo dia.

Aqui ficam os moribundos, os santos, os suicidas,
Aquele que final a carne pereceu.
E também ficara tu que nessa hora agonizas.

Diz-me o que tu fez em vida, há não ser nada.
- Diante disso, amigos, o que dizer?
No desespero a boca permaneceu calada.

Meus fracos nervos, de medo, já não se continham
Um sentimento aterrorizante se abateu
Amigos, era triste o que as visões me previam.  

 Então um parente e um amigo me pegaram pelo braço.
Ergueram-me do chão e jogaram-me na cova escura
Num fôlego asmático acordo com um horrível brado.

E lá estava eu deitado agonizante no beco escuro e fedido.
A cabeça sangrava e uma poça se formara.
O que sucedeu, meus caros, não sei, nem sei o sentido. 

Aquela situação me paralisara durante bom tempo
Quando finalmente levantei fitando ambos os lados do beco
A minha frente na parede um escrito sangrento:

“Eis de sempre está aqui, no passado e futuro,
O nosso e o teu cadáver, num jazido
Estreito, sujo e escuro.”

Ah! Como curar-me dessa triste ilusão?
Nesse futuro que me roga,
Só resta acalentar meu perdido coração.


D. Delarge

7 Comentarios:

Anônimo disse...

Sinistroooo!

-Ruy-

Claiane disse...

O.o
Nem tenho comentariooo :S

Elmo Freitas & Verisnalda Costa disse...

De fato... aquele Beco é meio cabuloso...

Gabriel disse...

Diferente. Um texto bem diferente dos que eu li hoje, porem, voce escreve muito bem, e fez uma historia perfeita. Parabens pelo seu DOM!

N@aty disse...

Muito bom !
O beco do cornélio é bem sinistro mesmo... começando pela urinação em épocas de festas na Duque.

rssss

Pamela Kenne disse...

Sinceramente... gostei demais demais. Escreveu uma espécie de conto em prosa. Escreve muito bem mesmo. Imaginei perfeitamente o beco sinistro, o desespero, e tudo mais. Imaginei apreciando a forma em prosa. Muito bom, mesmo.

Ação e Arte e Único uma criação de Allan Ruy disse...

parabéns pelo seu post, inspiração sua???
visite: http://acaoeartehqs.blogspot.com/

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